Na verdade, no decorrer da análise da obra, constatamos que há vários aspectos antagónicos que opõem figuras, ideologias, espaços, etc. que não só geram conflitos entre as personagens como também permitem retratar e caracterizar a sociedade da época. Assim, confrontam-se na obra o romantismo através da personagem Alencar que faz eco de uma ideologia onde a emotividade e a sensibilidade marcam presença e o realismo / naturalismo materializado de João da Ega; nesta perspectiva, toda a primeira parte da obra, a intriga secundária é uma novela romântica com a centralidade de Pedro da Maia, enquanto que a parte central, o romance de Carlos, envolve e faz a apologia do realismo como corrente literária; também se comportam as educações, nomeadamente a educação tradicional, à portuguesa e conservadora, ministrada a Pedro da Maia e a Eusébiozinho e a educação à inglesa, progressista e inovadora de Carlos da maia, ambas com resultados e consequências igualmente antagónicas. Um outro contraste marcante na obra é a oposição espaço rural, mais especificamente Santa Olávia onde decorre a infância e educação de Carlos, uma espécie de refúgio que Afonso sempre procura quando a cidade o cansa e decepciona.
A cidade simboliza a corrupção, o adultério e a hipocrisia, enquanto o espaço rural é imagem da paz, da vida e da felicidade, da regeneração das forças onde é possível superar o negativismo provocado pela cidade.
Cronologia sumária
Obras
- O mistério da estrada de Sintra
- O Crime do Padre Amaro
- A Tragédia da Rua das Flores
- O Primo Basílio
- O Mandarim
- As Minas de Salomão
- A Relíquia
- Os Maias
- Uma Campanha Alegre
- O Tesouro
- A Aia
- Adão e Eva no paraíso
- Correspondência de Fradique Mendes
- A Ilustre Casa de Ramires
- A Cidade e as Serras
- Contos
- Prosas bárbaras
- Cartas de Inglaterra
- Ecos de Paris
- Cartas familiares e bilhetes de Paris
- Notas contemporâneas
- Últimas páginas
- A Capital (1925, póstumo)
- O conde de Abranhos
- Alves & Companhia
- Correspondência
- O Egipto
- Cartas inéditas de Fradique Mendes
- Eça de Queirós entre os seus - Cartas íntimas
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